sexta-feira, 21 de maio de 2010

página 9.


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ela entrou no ônibus e procurou se sentar em um dos últimos bancos. diferente da maioria, ela gosta de se sentar de costas para o vem, gosta de vê passar as coisas e não esperar pra vê-las - quem entende?!
como sempre, estava com os fones acoplados ao ouvido e um livro na mão.
antes mesmo de encontrar o seu banco, seu olhar foi de encontro com o rapaz que estava sentando de frente, procurou manter o equilíbrio - coisa que ela (quase) nunca consegue - dentro do ônibus. sentou-se, mas com o olhar preso no olhar do rapaz.
não, não foi a beleza do jovem rapaz que prendeu a atenção dela e sim a lembrança que ele trouxe pra ela. não, eles também não eram amigos ou conhecidos, foi o primeiro e - talvez - último encontro deles.
ele lembrava alguém, alguém de quem ela sentia muita falta.
chego a pensar que isso não era justo com ela, já que a saudade por si só doía um tanto. agora imagina vê um alguém semelhante, mas só semelhante?!
fazendo lembranças/vontades/desejos despertarem dentro dela.
ela se esqueceu do livro e aumentou o som da música que estava tocando. tentava disfarçar e olhar pela janela, mas segundos depois seus olhos já estavam presos no rapaz.
talvez ela também o lembrava alguém ou então só estava a achando doida, pois ele sempre que o olhava se encontrava com o olhar dele, preso nela.
graças, esse martírio não durou por mais de trinta minutos. trinta minutos que para ela foi uma eternidade.
de fato coisas intensas parecem durar mais do que realmente duram.

# quando mentir for preciso, pode falar a verdade.