quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

me and you.

.
o relogio já estava quase marcando meio dia, e ele continuava feito estátua na calçada em frente a sua antiga casa. um lugar que antes era íntimo, passou a ser desconhecido.
ela se encontrava deitada no sofá. tinha acabado de acordar.
se levantou e ligou o som, colocando no último volume a música que ele mais gostava de ouvir ao lado dela. começou a dançar pela casa, como se ele só tivesse saído pra trabalhar e em breve estaria de volta.
de volta aos seus braços. de volta a sua cama.
ele esperava por uma chance/por uma oportunidade. só não sabia como fazer isso acontecer, então ele da calçada começou a ouvir a música e sorria por imaginar que ela deveria estar dançando. viu a música no formato de convite. se levantou e ficou em pé. mas estava preso, estava com vergonha e medo.
ela foi dançando até o banheiro. tomou banho, enquanto a música ia se repetindo.
foi quando ele finalmente criou coragem e atravessou a rua, mas parou na porta. na noite anterior ele havia esquecido de levar as chaves, chegou a pensar que não iria mais precisar delas. apertou a campainha uma vez e nada, duas vezes e nada, quando estava pra aperta pela terceira vez percebeu que o volume da música tinha sido abaixado. sentiu seu corpo tremer.
mesmo com a música alta, ela ouviu o som baixo da campainha. sem se livrar por completo da espuma que cobria seu corpo, ela se enrolou na toalha e desceu.
imaginou que fosse alguém do seu trabalho, afinal ela não ligou e nem mandou uma satisfação. imaginou também que poderia ser a vizinha, que quase todos os dias vai lá pedir um pouco de alguma coisa. imaginou até que seria a entrega do livro que ela comprara na semana anterior.
mas todas as suas imaginações estavam erradas, pois era ele.
quando ouviu o barulho de pegadas se aproximando da porta, ele sentiu o corpo amolecer por dentro. sua mente ficou bloqueada, nenhum pensamento e aquela velha cara de bocó se estampou.
a chave girou e a porta foi se abrindo aos poucos. não pra fazer suspense, mas porque ela estava de toalha e nem imaginava quem estava na porta. ela colocou só a cabeça pra fora e quando o viu ali, entrou e bateu a porta.
parou a cabeça na parede, com o coração batendo a mil. com as mãos molhadas. com o cabelo cheio de sabão e com uma vontade de pular em cima dele.
ele não sabia o que fazer. não queria e nem podia ir embora. o jeito foi continuar ali, como estátua.
ela novamente abriu a porta, mas nem apareceu. só disse:
- entra.

# se eu acordar perto de você.