domingo, 30 de agosto de 2009

temporal.

-

o céu cinza anunciava que uma chuva estava por vir.
mas ela nem se importou com isso, colocou um short, uma camiseta velha e calçou os chinelos sujos. saiu de casa sem agasalho ou sombrinha. foi caminhando sem se preocupar com os olhares alheios em cima dela.
ela podia ouvir os trovões que diziam que não seria uma simples chuva que viria e sim um temporal.
pra ela não poderia ser melhor.
o vento gelado encontrava o seu rosto, entrava por suas narinas e com isso ela se sentia mais viva do que nunca. não, ela não sentia frio. ela fazia daquele momento um prova de sua existência.
as primeiras gotas vieram e começaram a molhar seu curto cabelo castanho. a cada pingo ela sentia o coração bater. sentia sua carne viva. sentia sua alma sendo lavada.
as gotas foram aumentando. aumentando. e por fim havia se tornado o tão esperado temporal.
ela então diminuiu o ritmo dos passos. queria curtir cada gota.
ela chegou então na praça da rua de cima, lugar que pra ela muitas vezes trouxe alegrias/tristezas e váárias lembranças de sua longa infância. se dirigiu até o gramado verde. sem se importar com o molhado, ela se jogou. deitou ali como se tivesse se deitando em sua cama. recebeu cada gota no rosto com um torto sorriso.
o temporal foi diminuindo, até que no fim era solamente um chuvisco.
ela não se mexia. queria continuar ali. mergulhada nas suas lembranças.

# além do horizonte, existe um lugar!