domingo, 15 de novembro de 2009

cinco


____
.
diferente das outras vezes, ela não abaixou a cabeça e nem ficou vermelha. olhou pro lado e começou a cantar junto com ele.
ela assim como ele não conseguia cantar sem se embolar na letra da música, o que resultou em várias crises de risos. era impossível saber qual olho brilhava mais. um clima estava se formando e isso foi fazendo surgir um frio na barriga dele.
quando estavam cantando pela nona vez, ele foi e abaixou o som. queria conversar com ela, estava cansado de fugir.
- será que podemos parar aqui?!
- por que?! tá passando mal?! aconteceu alguma coisa?!
- nossa, quanta pergunta. calma, não aconteceu nada. eu só quero sair e conversar com você.
- será que pode esperar até a gente chegar.
- chegar onde?! se nem você sabe pra onde estamos indo.
- tá. parei. vamos sentar ali?!
foi quando ele olhou pro lado e viu um balanço. daqueles antigos e enferrujados. ele saltou do carro e deu a volta pra abrir a porta pra ela. abriu, segurou a sua mão e então a abraçou. depois de uns minutos foram se sentar no velho balanço.
aquele velho silêncio constrangedor não existiu, porque ele estava disposto a falar tudo que vinha guardando há meses dentro de si.
- fecha os olhos.
- pra que?!
- fecha os olhos e então poderá ver melhor.
ela fechou os olhos, esperava que ele fosse lhe entregar algum presente, mas não foi o que aconteceu.
- posso abrir?!
- não. continue assim.
- tudo bem, mas qual o motivo?!
- ouvir dizer que com olhos fechados conseguimos ver melhor. antes que você arrume uma teoria, eu vou falar e só peço que você escute.
ela respondeu o sim em forma de sorriso. então ele pegou na mão dela e deixou o coração falar, falar tão alto que parecia que ele (o coração) estava usando um auto-falante. essa era a intensão dele, porque queria que ela fosse capaz de ouvir tudo aquilo que ele por meses guardou pra si.